domingo, 10 de outubro de 2010

X – De Lavada


Decidi encarar o resto daquela semana como uma menina crescidinha e dormir sozinha na minha casa. Mas não tão crescidinha a ponto de ter vontade de frequentar as aulas.




Mas também não tinha vontade de bater perna ou fazer compras, coisas que sempre gostei. Passava a maior parte do meu tempo no quarto do Pedro. Algumas noites, eu acabava adormecendo lá. O cheiro dele estava impregnado na roupa de cama, isso amenizava a falta que ele me fazia.




Aquela semana passou se arrastando, mas domingo finalmente chegou e eu pude me pendurar no pescoço do meu namorado, que veio direto pra minha casa, junto com meu irmão.
– Oi, loira! Sentiu saudades de mim?
– Muita...




Tasquei-lhe um beijo recheado de saudade e desejo. Percebi que sua excitação era a mesma ou maior que a minha ao sentir o volume por trás do zíper de sua calça jeans aumentar.




– Loira, loira... Não me provoque, é difícil me controlar assim... Olha o seu irmão... – Ele quase implorou aos sussurros quando me pôs no chão.

Mas notei que Pedro não estava mais ali, e me perguntei se eu havia exagerado na minha recepção a David.




– Você vai dormir aqui comigo hoje, não vai?
– Claro que vou, gata! Eu estava morrendo de saudades... Posso tomar um banho? Quero estar perfeito pra você fazer o que quiser comigo...




David entrou no banheiro e eu fui direto atrás de Pedro, em seu quarto.
– Você nem falou comigo! – Reclamei.
– Você estava ocupada...




– E você está com ciúmes!
– Olá! Léo! Como foi sua semana? – Ele perguntou, vencido. Não admitiria jamais do que eu acabara de acusá-lo.




Eu corri para os seus braços.
– Ah, Pedro, foi um pesadelo! Não nasci pra morar sozinha!
– Eu notei pela quantidade de louça suja na pia...




– Não faça piada da minha desgraça!
– Então não seja tão exagerada, Léo! Foram tão poucos dias... Em compensação vejo que você não conseguiu manter nem a cozinha em ordem!




– Você sabe que arrumar a casa nunca foi meu dom!
– E qual é o seu dom, Léo? Heim? Diga! Acho que nem você mesma sabe...

Que espécie de pergunta era aquela? Porque ele estava tão rude comigo?




– O que foi que eu te fiz, Pedro? Depois que te amolei aquele dia de treino nem voltei a te ligar... Porque está falando comigo assim?
Ele suspirou antes de responder:
– Nada... Desculpe. Não fomos muito bem essa semana... E eu falhei em dois lances que foram responsáveis por duas das nossas derrotas. Não tem nada a ver com você.




Eu não falei nada. Embora não compreendesse exatamente as consequências do que Pedro havia dito, compartilhei sua chateação.
– Ele vai dormir aí, né?
– Hã? – Perguntei antes de perceber que ele já tinha trocado o assunto. – Quem, David? Ah, vai... Ele disse que vai...




– Só pra saber... – Ele completou sem jeito, antes de mudar o conteúdo da conversa novamente. – Léo... Você... Você esteve no meu quarto?
– Err... Eu não! O que eu faria aqui?




– Ah... – Eu sabia que ele sabia que eu estava mentindo. – Certo... Eu só tive a impressão...
Antes que pudéssemos falar qualquer outra coisa, ouvimos David gritar do banheiro:
– Léouoooooô! Pega uma toalha pra mim, amor!




Atendi ao pedido e entrei no banheiro para me deparar com a visão que sempre me deixava tonta. Como podia ter um corpo tão escultural e uma cor tão atraente? Eu achava lindo o contraste que a pele dele criava quando ao lado da minha.




Estiquei me braço:
– Toma...
David me puxou pela cintura e me apertou, fazendo toalha parar no chão.
– Eu tava pensando... A ducha está uma delícia... Porque não começamos a matar a saudade agora mesmo?




Meu namorado puxou a parte de cima do meu pijama, tentando não descolar sua boca da minha. Sua destreza sempre me impressionava. Em poucos segundos eu já estava despida por completo, sentindo a água fria batendo forte em meus ombros e a pressão do seu corpo quente de encontro ao meu.




Terminamos na cama o que havíamos começado no chuveiro, e então David adormeceu exausto em meus braços. Eu não conseguia dormir. Apesar de ter me desconectado do mundo enquanto transávamos, alguma coisa estava me agoniando e eu não sabia identificar o que era.




Passei alguns minutos tentando extrair de mim mesma os motivos da minha angústia, e comecei a ouvir um barulho curto e seco que se repetia, quase que ritmado. Pedro estava no sótão.




– Pedro, você pirou? – Perguntei quando o vi com as luvas de Box calçadas socando freneticamente o seu saco de areia. – Sabe que horas são?
– Não faço idéia! – Ele me respondeu sem se virar ou interromper sua luta com o equipamento.




– O que é? Treinando pra matar alguém?
– Eu... Não estava conseguindo dormir...




– E porque está descontando neste pobre saco de couro?
Pedro parou e me encarou ao responder:
– Porque não posso descontar no verdadeiro responsável!




A repreensão no olhar de Pedro me fez ficar muda por alguns segundos. Naquele momento me dei conta que ele podia me escutar em meu quarto, assim como eu também podia escutá-lo na intimidade do seu.




Tentei me justificar:
– Err... Eu... Me desculpe, Pedro, acho que... É que às vezes eu me excedo e...
– Por favor, não! Léo, não quero ouvir isso.




Eu virei de costas e caminhei para a escada. Pedro voltou a socar seu saco de areia.
– Desculpe. – Repeti de forma inaudível, antes de descer.



2 comentários:

  1. Parece que a pegada do David é muito boa...
    Mas não sei o que ele faria com uma de esquerda do Pedro! rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs

    Amo muito!

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  2. kkkkk Eu acho que pelo menos o olho roxo ele ganharia XD

    Sou mais o Pedro em tudo, sei que vc tb! =P

    Obrigada! Bjks!

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